Dormindo em hostel – minha jornada econômica pelo mundo

Introdução

Viajar sempre foi um sonho guardado com carinho, daqueles que pareciam quase inalcançáveis. Durante muito tempo, associei viagens internacionais a grandes orçamentos, hotéis caros e roteiros inflexíveis. Pensava que esse universo estava reservado a quem tinha muito dinheiro no banco e tempo de sobra. Mas tudo mudou quando descobri os hostels. De repente, aquele desejo de conhecer o mundo passou a caber na minha realidade. Foi como abrir uma porta para uma nova forma de viver a vida na estrada.

Este artigo é um relato pessoal e sincero sobre como os hostels transformaram completamente a minha maneira de viajar. De alguém que mal ousava sonhar com uma mochila nas costas na Europa, tornei-me uma viajante que coleciona histórias em quartos compartilhados, refeições comunitárias e conversas com desconhecidos que se tornaram amigos. Mais do que um lugar para dormir, os hostels me ofereceram uma nova forma de ver o mundo — mais leve, conectada e acessível.

Aqui, compartilho experiências, desafios, aprendizados e dicas para quem está considerando dar esse passo. Se você tem curiosidade sobre esse estilo de viagem ou simplesmente quer saber como fazer mais com menos, continue lendo — talvez essa seja a faísca que faltava para sua próxima aventura começar.

O Começo da Jornada Econômica

Minha primeira experiência em hostel aconteceu em Lisboa. Estava prestes a completar 26 anos, viajando sozinha pela primeira vez e com um orçamento apertado, fruto de muitos meses economizando cada centavo. Escolhi um hostel com boas avaliações e um preço que cabia no meu bolso, mesmo com o receio de dividir um espaço com desconhecidos. Lembro claramente da sensação de abrir a porta do dormitório: seis beliches, mochilas espalhadas, uma conversa em alemão de um lado, uma música em espanhol do outro. O ambiente parecia caótico à primeira vista, mas também profundamente vibrante e acolhedor.

Nos primeiros dias, percebi que estar ali era mais do que uma questão de economia. Era uma abertura para um mundo novo de possibilidades. As pessoas com quem dividia o quarto estavam ali pelo mesmo motivo: explorar, conhecer, se reinventar. Em vez de isolamento, encontrei conexão. Em vez de distância, encontrei acolhimento. E assim começou uma jornada que se estenderia por dezenas de cidades, países e experiências únicas.

Foi ali, no coração do velho continente, que percebi como é possível viver muito com pouco. Entre risadas no corredor e pratos improvisados na cozinha coletiva, nasceu uma confiança nova em mim mesma. Era como se, pela primeira vez, eu estivesse realmente pertencendo ao mundo — não como turista, mas como parte viva do fluxo de viajantes que se ajudam, se escutam e compartilham.

Muito Além da Cama: As Vantagens Surpreendentes dos Hostels

Aos poucos, fui descobrindo que os hostels ofereciam muito mais do que uma cama barata. Em Barcelona, participei de um jantar comunitário onde cada hóspede preparava um prato típico do seu país. Conheci duas argentinas que, meses depois, reencontrei em Mendoza, durante outra viagem. Em Berlim, um tour gratuito organizado pelo próprio hostel me levou a lugares escondidos que jamais encontraria sozinha — cafés alternativos, ruínas históricas, mercados de rua.

Outro hostel em Praga oferecia aulas de culinária local por um preço simbólico. Lá, aprendi a fazer goulash com um senhor tcheco que falava pouco inglês, mas muito com os olhos e as mãos. Em Bali, encontrei um hostel com aulas diárias de yoga ao amanhecer, seguidas de smoothies tropicais no terraço. Em Chiang Mai, participei de uma roda de conversa sobre budismo organizada pelo staff, seguida de uma visita a um templo pouco conhecido.

Cada lugar tinha seu próprio charme e propósito, tornando cada estadia uma experiência única e irrepetível. A diversidade dos viajantes também impressiona. Já dividi quarto com estudantes de medicina, nômades digitais, artistas de rua, aposentados mochileiros, casais em lua de mel alternativa e até com um monge budista em viagem de estudos. Todos com histórias fascinantes, todas me acrescentando algo novo.

Além das atividades, há algo incrivelmente valioso na atmosfera dos hostels: o senso de comunidade. É quase impossível não conversar com alguém. As áreas comuns — cozinhas, salas de estar, varandas, rooftops — estão sempre cheias de gente aberta a conversar, dar dicas, contar histórias. Às vezes, o simples ato de perguntar de onde a pessoa é já inicia uma longa conversa e, quem sabe, uma amizade duradoura.

E claro, há a economia — um fator importante, especialmente para quem quer viajar por longos períodos. Em muitas cidades, a diferença entre um hostel e um hotel pode ser de 70% no valor da diária. Com o dinheiro que deixei de gastar em hospedagem, consegui experimentar mais comidas locais, visitar mais atrações turísticas e, o mais importante, prolongar minhas viagens em semanas ou até meses.

Outro ponto positivo dos hostels é a localização. Muitos estão situados em áreas centrais, próximos a estações de metrô, rodoviárias, ou mesmo aos principais pontos turísticos. Isso não apenas economiza tempo e dinheiro com transporte, mas também torna mais fácil explorar a cidade a pé, sentindo seu ritmo real.

Nem Tudo São Flores: Os Desafios de Viver em Hostels

Apesar de todas as vantagens, seria irreal pintar os hostels como paraísos perfeitos. Dividir espaço com desconhecidos pode ser um desafio — especialmente quando você está cansado, doente ou apenas querendo um pouco de privacidade. Já tive noites mal dormidas por conta de pessoas chegando no meio da madrugada ou luzes acesas às 3h da manhã.

Em Budapeste, minha toalha sumiu misteriosamente, me obrigando a usar uma camiseta para me secar após o banho. Em Amsterdã, um grupo de jovens chegou às 2h da manhã fazendo uma verdadeira festa dentro do dormitório, completamente alheios ao restante. Houve também banheiros sujos, camas desconfortáveis e recepcionistas pouco simpáticos.

Mas foi nesses momentos que cresci como viajante — e como pessoa. Aprendi a ser mais paciente e resiliente, a me adaptar a situações inesperadas, a manter o bom humor mesmo diante de pequenos contratempos. Aprendi a valorizar coisas simples, como encontrar um hostel com lockers individuais, chuveiro quente e café da manhã incluso. Aprendi a ouvir mais, julgar menos e respeitar o espaço do outro, mesmo quando ele é bem diferente do meu.

Com o tempo, desenvolvi um “radar de hostel”: sei quais fotos são enganosas, reconheço sinais de festas barulhentas e já consigo imaginar o nível de conforto a partir de um simples comentário online. Aprendi, por exemplo, que hostels com café da manhã gratuito muitas vezes escondem taxas extras em outros serviços. Ou que um lugar com poucas avaliações pode ser uma pérola escondida — ou uma decepção total.

Dicas Pessoais para Quem Quer Se Aventurar em Hostels

Depois de tanto aprendizado na prática, elaborei um conjunto de dicas que sempre compartilho com amigos e familiares que pensam em se hospedar em hostels pela primeira vez:

Leia avaliações detalhadamente: Preste atenção nos comentários sobre limpeza, segurança, barulho e localização. Nem sempre o mais barato é o melhor custo-benefício.

Hostels com cozinha são um plus: Cozinhar ajuda a economizar e oferece uma excelente oportunidade de interação com outros hóspedes.

Itens essenciais na mochila: Cadeado, chinelos para banho, máscara de olhos e tampões de ouvido são indispensáveis para garantir conforto e segurança.

Interaja com os outros: Não tenha vergonha de puxar conversa. Muitas amizades começam em uma mesa de café da manhã.

Escolha quartos pequenos quando possível: Quartos com menos camas geralmente proporcionam mais tranquilidade.

Verifique a política do hostel: Alguns têm regras rígidas de silêncio, outros promovem festas até tarde. Escolha de acordo com seu estilo de viagem.

Atenção à localização: Um hostel mais barato, mas muito distante dos pontos principais, pode gerar mais custos com transporte.

Tenha sempre um plano B: Às vezes, é preciso mudar de hostel no meio da viagem. Flexibilidade é chave.

Evite carregar muito: Quanto mais leve for sua bagagem, mais fácil será mudar de lugar ou subir escadas (algo comum em hostels sem elevador).

Use apps de viagem para socializar: Aplicativos como Couchsurfing, Meetup e Hostelworld ajudam a encontrar eventos e outros viajantes locais.

Como os Hostels Mudaram Minha Forma de Conhecer o Mundo

Ao olhar para trás, vejo que os hostels não apenas me permitiram viajar mais barato, mas me ensinaram uma nova filosofia de viagem. Uma filosofia centrada na conexão, no improviso, na autenticidade. Eles me tiraram da bolha, me colocaram em contato com culturas que eu só conhecia por livros ou filmes, me apresentaram realidades diferentes da minha e me ajudaram a desconstruir preconceitos.

Graças aos hostels, conheci vilarejos escondidos no interior da Croácia, participei de festivais locais no México, fui convidada para casamentos na Índia e dancei forró com desconhecidos em Lisboa. Nenhuma dessas experiências teria acontecido se eu tivesse ficado em hotéis fechados, onde o contato com a cultura local é, muitas vezes, filtrado e distante.

Viajar por hostels me ensinou também a importância de viajar de forma consciente e sustentável. Aprendi que não preciso de muito para viver bem, que compartilhar é mais enriquecedor do que ter, e que a verdadeira riqueza de uma viagem está nas pessoas que encontramos pelo caminho.

Mais do que economia, os hostels me ensinaram sobre generosidade. Sobre dividir espaços, comida, histórias. Sobre confiar — nos outros e em mim mesma.

Conclusão: A Magia de Dormir em Hostels

Hoje, posso dizer com convicção que dormir em hostels mudou minha vida. Aquilo que começou como uma solução econômica se transformou em estilo de vida, em escolha pessoal, em ponte para descobertas que jamais imaginei viver. Cada beliche ocupado, cada refeição compartilhada, cada língua diferente ouvida nos corredores dos hostels, tudo isso compõe a minha história como viajante.

Se você tem vontade de explorar o mundo, mas acha que não pode pagar por isso, repense. Talvez não precise de tanto quanto imagina. Os hostels são muito mais do que camas baratas — são espaços de encontro, aprendizado e aventura. Eles oferecem uma forma de viajar mais humana, mais próxima e, acima de tudo, mais rica em significado.

Então, da próxima vez que pensar em viajar, considere trocar o conforto impessoal de um hotel pela energia vibrante de um hostel. Talvez ali, entre um café da manhã compartilhado e uma conversa despretensiosa, esteja o início da sua próxima grande aventura. Se você já teve alguma experiência marcante em hostels ou tem dúvidas sobre como começar, compartilhe comigo nos comentários. Adoraria ouvir suas histórias e trocar dicas! E não deixe de explorar outros artigos aqui do blog para mais sugestões de viagens econômicas e destinos inesquecíveis.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *