Viajar simples: Como descobrir tesouros escondidos sem gastar muito

Introdução: O Prazer de Viajar com Pouco

Viajar não precisa ser caro para ser transformador. Ao longo dos anos, descobri que as experiências mais marcantes não vieram de hotéis luxuosos ou atrações badaladas, mas sim de momentos simples, encontros inesperados e lugares pouco conhecidos que cruzaram meu caminho justamente quando eu menos esperava. Essa é a essência de viajar simples: abrir mão dos excessos para se aproximar da essência dos lugares e das pessoas. Nesta jornada, aprendi que com pouco é possível viver muito — e é isso que quero compartilhar com você neste artigo.

Breve reflexão sobre como viajar de forma simples mudou minha relação com o mundo

Antes, eu achava que uma boa viagem precisava de um bom orçamento. Achava que conforto e experiências autênticas estavam restritos a quem podia pagar por eles. Mas foi quando decidi embarcar em minha primeira viagem com um orçamento apertado — mochila nas costas e roteiro flexível — que percebi o contrário. A simplicidade me abriu os olhos. Descobri que, ao invés de me afastar do mundo, viajar com pouco me aproximava dele. Conheci pessoas incríveis, vivi situações inesperadas e aprendi a valorizar o que realmente importa: o momento presente, a troca humana e a beleza da imperfeição. Aprendi que quando tiramos o supérfluo da equação, o essencial brilha.

Introdução ao conceito de “viajar simples” e ao valor de descobrir lugares fora do circuito turístico tradicional

Viajar simples é mais do que economizar dinheiro. É uma escolha de olhar — um jeito de enxergar a viagem como um caminho de descoberta e conexão, e não como um produto de consumo. É dar preferência a um quarto compartilhado em vez de um hotel de luxo, caminhar pelas ruas em vez de pegar táxis, experimentar o prato típico na feira em vez de ir ao restaurante da moda. É também se permitir sair dos roteiros mais óbvios e deixar a curiosidade te guiar. Em vez de pontos turísticos lotados, comecei a visitar bairros residenciais, cidades pequenas, trilhas pouco conhecidas e vilarejos que nem sempre aparecem no Google. E foi nesses lugares — quase sempre esquecidos pelos guias de viagem — que vivi as experiências mais autênticas da minha vida.

Contextualização pessoal: o que me motivou a viajar dessa forma?

Minha motivação surgiu de uma mistura de inquietação e necessidade. Eu queria muito explorar o mundo, mas o dinheiro era curto. O orçamento limitado, no entanto, me forçou a buscar alternativas. E que surpresa maravilhosa foi descobrir que o simples não era um sacrifício, mas um presente. Comecei com viagens curtas, perto de casa, testando minha capacidade de me virar com pouco. Aos poucos, fui ganhando confiança — e vontade de ir mais longe. A cada viagem, reafirmava o que já sentia: que a simplicidade me tornava uma viajante mais presente, mais aberta e mais conectada. Hoje, viajar de forma simples não é apenas uma opção financeira, é uma filosofia de vida que levo comigo em cada novo destino.

A Escolha do Destino: Onde o Simples se Torna Extraordinário

Nem sempre o melhor da viagem está nos destinos estampados nos cartazes de agência ou nas hashtags mais usadas do Instagram. Algumas das minhas experiências mais ricas aconteceram justamente em lugares que quase ninguém conhece — e talvez exatamente por isso, elas foram tão especiais. Quando a gente viaja com o coração aberto e o olhar atento, descobre que a simplicidade tem um charme que o luxo não alcança.

Relato de um ou dois destinos específicos que escolhi justamente por serem menos populares

Um dos destinos mais marcantes que já visitei foi San José del Pacífico, um vilarejo escondido nas montanhas de Oaxaca, no México. Não é o tipo de lugar que costuma aparecer nas listas de “imperdíveis” do país, mas foi ali, cercada por neblina, pinheiros e silêncio, que encontrei uma paz que nem sabia que precisava. Passei dias caminhando por trilhas sem pressa, tomando chá de cogumelo com os moradores (sim, é parte da cultura local!) e dormindo em uma cabana simples de madeira. O tempo parecia correr em outro ritmo.

Outro destino que me encantou foi Carrancas, em Minas Gerais. A maioria dos turistas brasileiros passa direto por lá, preferindo destinos mais famosos como Tiradentes ou São João del-Rei. Mas Carrancas tem uma energia própria: cachoeiras lindas e acessíveis, trilhas tranquilas, e um centrinho charmoso onde as pessoas ainda se cumprimentam na rua. Foi uma amiga viajante que conheci em um hostel em Paraty quem me recomendou — e foi um dos melhores conselhos que já recebi.

Como encontrei esses lugares?

Nem sempre sei exatamente para onde estou indo. Muitas vezes, deixo que a curiosidade e as conversas me levem. San José del Pacífico surgiu em uma roda de conversa em um hostel em Puerto Escondido. Um viajante argentino contou que era um lugar mágico — no sentido literal e figurado — e a forma como ele descreveu o clima, as montanhas e o astral do vilarejo me fez mudar completamente meu roteiro. Já Carrancas apareceu enquanto eu pesquisava trilhas em Minas no YouTube. Um canal pequeno mostrava um casal explorando cachoeiras escondidas, e a tranquilidade do lugar me chamou atenção. Depois disso, vi mais relatos em fóruns e entrei em contato com um pequeno camping familiar que me recebeu com um café passado na hora e uma rede esticada no quintal.

Dica valiosa: confie nas dicas de outros viajantes que têm um estilo parecido com o seu. Fóruns como o Mochileiros.com, grupos no Facebook e conversas nos cafés dos hostels me levaram a muitos desses achados. Outra dica: ouça os moradores. Às vezes, um simples “tem algum lugar aqui por perto que quase ninguém conhece, mas você gosta?” abre portas para experiências incríveis.

Primeiras impressões e expectativas

Ao chegar em San José del Pacífico, lembro que desci do ônibus em meio a uma névoa espessa. Tudo era cinza, úmido e silencioso — parecia uma cena de filme. De início, me perguntei se não tinha feito uma escolha errada. Mas bastaram algumas horas caminhando pelas trilhas e ouvindo o canto dos pássaros para perceber que estava exatamente onde precisava estar. Era um convite ao recolhimento, à introspecção.

Já em Carrancas, fui recebida com o céu mais azul que já vi e o cheiro de pão de queijo saindo do forno da pousada. A cidade é simples, com ruas de terra batida, mas carrega uma aura calorosa e acolhedora. Eu esperava um lugar tranquilo para descansar entre trilhas — e encontrei um refúgio que parecia ter sido feito sob medida para minha alma andarilha.

Dormindo Bem e Gastando Pouco

Hospedagem é, para muita gente, uma das maiores preocupações ao planejar uma viagem — e muitas vezes, também a maior fonte de gastos. Mas quando você aprende a viajar de forma simples, percebe que dormir bem não precisa significar luxo, e gastar pouco não significa abrir mão de conforto ou segurança. Pelo contrário: os lugares mais acolhedores em que já dormi foram aqueles onde o que se oferecia era calor humano, não lençol de 600 fios.

Experiências com hostels, pousadas familiares ou até acampamentos

Um dos meus hostels preferidos fica em Arequipa, no Peru — uma casa antiga convertida em hospedagem, com um quintal cheio de redes e uma cozinha compartilhada onde as pessoas naturalmente se reuniam para cozinhar juntas. Por menos de 10 dólares a diária, dormi em um quarto limpo, com um café da manhã simples, mas saboroso, e ganhei amigos que levo até hoje no coração. A troca de histórias no terraço ao entardecer valia mais que qualquer spa.

Em Carrancas, dormi em um camping familiar, com direito a ducha quente, área para fogueira e café passado na hora, feito pela dona, uma senhora que também contava causos mineiros enquanto assava pão de queijo na chapa. Meu “quarto” era uma barraca que eu mesma montei embaixo de uma árvore frondosa. Era básico, mas tinha tudo o que eu precisava — até o som dos grilos à noite e o céu estrelado que me fez repensar o que de fato é conforto.

Histórias marcantes: anfitriões simpáticos, companheiros de quarto inusitados, surpresas positivas com lugares simples

Em um hostel na cidade de León, na Nicarágua, conheci um senhor alemão de 74 anos que viajava sozinho há décadas. Dividimos um dormitório com outros quatro viajantes, e ele tinha sempre uma história para contar — sobre cruzar a África de bicicleta ou aprender espanhol em Cuba. Uma noite, sentamos todos na cozinha e ele preparou um prato típico da Alemanha para compartilhar com quem estivesse por ali. Era como estar em casa, só que no meio da América Central, cercada por estranhos que, de repente, viravam amigos.

Teve também aquela vez em que me hospedei em uma pousada simples em El Chaltén, na Patagônia argentina, e fui surpreendida com uma caixa de biscoitos artesanais deixada na cama com um bilhete de boas-vindas escrito à mão pela dona. Aquilo me tocou de uma forma inesperada. É nesses gestos — e não nos mimos de hotel — que mora o verdadeiro valor da hospitalidade.

Como economizar sem abrir mão do essencial

Aprendi a observar três coisas básicas: segurança, limpeza e ambiente. Se o lugar for seguro, limpo e tiver um clima acolhedor, está perfeito para mim. Costumo buscar hospedagens com avaliações reais em plataformas como Hostelworld, Booking e Couchsurfing, e sempre leio os comentários com atenção, principalmente os mais recentes.

Outra dica: entre em contato direto com o hostel ou pousada, especialmente em destinos menos turísticos. Às vezes, negociar por WhatsApp ou e-mail garante um preço melhor do que pelas plataformas.

Também aprendi a carregar sempre uma canga e um tapa-olho, porque nem todo lugar tem cortina ou roupa de cama 100%. E para quem topar acampar, recomendo investir em um bom isolante térmico e lanterna. Isso me salvou em noites mais frias, especialmente em regiões de montanha.

Dormir bem é importante, mas, para mim, hoje significa dormir em paz — e isso tem mais a ver com o ambiente e a energia do lugar do que com o colchão.

Refeições Memoráveis por Preços Surpreendentes

Se tem algo que me encanta em cada destino é a comida — não apenas pelo sabor, mas pela história, cultura e afeto que ela carrega. Comer bem sem gastar muito virou uma das minhas especialidades em viagem. E acredite: os pratos mais deliciosos que experimentei raramente vieram de restaurantes badalados. Foram aqueles encontrados por acaso em mercados locais, feiras de rua, barraquinhas escondidas e mesas compartilhadas com moradores.

Memórias de pratos deliciosos em mercados locais, restaurantes de bairro, comida de rua

Em Hoi An, no Vietnã, descobri o melhor banh mi da minha vida por menos de dois dólares. Era uma barraquinha na beira da estrada, comandada por uma senhora baixinha que preparava o sanduíche com precisão quase artística: pão crocante, vegetais frescos, molho levemente picante e carne suculenta. Sentei num banquinho de plástico ao lado de operários e estudantes e tive uma das refeições mais memoráveis da viagem.

Já em Cusco, no Peru, o mercado San Pedro foi onde almocei por vários dias seguidos. Por cerca de 10 soles (algo em torno de R$ 12), eu comia uma sopa quente de entrada, um prato principal com arroz, batata e carne, além de uma limonada natural. Tudo simples, farto e feito com alma. Um dia, a senhora que servia os pratos me reconheceu e disse: “Hoje vou te dar um pouco mais de carne, porque você come direitinho”. Nunca me senti tão em casa num lugar tão longe de casa.

Como escolho onde comer? Dica: onde os locais estão

Aprendi que uma boa pista para encontrar comida boa e barata é observar onde os moradores comem. Se vejo uma fila de trabalhadores locais ou estudantes na hora do almoço, corro pra lá. Evito lugares com cardápios em inglês (ou português) demais, cheios de fotos ou garçons tentando puxar turistas pela rua. Prefiro entrar num restaurante simples, onde o cardápio está escrito à mão e o cheiro da comida fala mais alto que qualquer propaganda.

Outra dica que uso muito: pergunto para as pessoas no hostel ou na pousada onde elas costumam almoçar. A resposta quase sempre me leva a um lugar com comida caseira, porção generosa e preço justo. E quando estou com dúvidas, deixo o faro e a intuição me guiarem — e quase sempre dá certo.

Um ou dois episódios marcantes envolvendo a culinária local

Nunca vou esquecer o almoço que tive em Lencois, na Chapada Diamantina, quando, depois de uma trilha puxada, sentei em um restaurante simples com bancos de madeira e pedi o prato do dia. Era galinha caipira com pirão, arroz, feijão e uma saladinha de tomate colhido ali mesmo. A dona, uma senhora de fala mansa e riso fácil, me trouxe também um suco de umbu e disse: “Experimenta, você vai gostar”. E eu gostei. Mais do que isso, me emocionei. Aquela comida tinha sabor de verdade, de terra, de cuidado. Custou menos de R$ 25 — e valeu como um banquete.

Outro momento especial foi em Oaxaca, no México, quando participei de uma aula improvisada de culinária com uma família local que conheci por meio do Couchsurfing. Preparamos juntos mole negro, um prato típico à base de chocolate amargo, especiarias e pimentas. Fiquei horas na cozinha, ouvindo histórias da avó, rindo com as crianças e aprendendo o verdadeiro valor da comida feita em casa. No fim, comemos todos juntos na varanda, vendo o sol se pôr atrás das montanhas. E eu pensei: é isso. Isso é riqueza.

Riquezas Que o Dinheiro Não Compra

Viajar de forma simples me ensinou que os momentos mais preciosos são quase sempre os que não têm preço. Não são os passeios comprados, nem as selfies nos pontos turísticos famosos, mas sim os silêncios em trilhas desertas, as conversas com estranhos que viram amigos, os abraços de despedida que doem mesmo depois de poucos dias juntos. São essas pequenas riquezas — invisíveis nos roteiros prontos — que ficam gravadas na memória com mais força do que qualquer souvenir.

Encontros com pessoas locais, amizades feitas no caminho

Lembro de uma noite em Cafayate, no norte da Argentina, quando me sentei em uma praça para descansar depois de caminhar o dia inteiro. Um senhor se aproximou com um violão e começou a tocar uma canção folclórica. Sem querer, começamos a conversar. Ele me contou sobre sua infância nas montanhas e me falou do “coração andino”, como ele chamava o modo simples de viver por ali. Acabei sendo convidada para jantar com sua família naquela mesma noite. Comemos empanadas feitas na hora e brindamos com vinho local. Foi tudo espontâneo, sem planejamento — e profundamente verdadeiro.

Também não posso esquecer da amizade improvável com uma viajante sul-coreana que conheci num dormitório em Lisboa. Ela mal falava inglês, eu não falava coreano, mas trocamos sorrisos, partilhamos um pacote de biscoitos e passamos horas andando juntas pelas ruas de Alfama, rindo das nossas tentativas de comunicação. No fim, nos abraçamos como velhas amigas. Até hoje nos escrevemos cartões-postais.

Sensações: o nascer do sol visto sozinho, um momento de superação, uma conversa inesperada

Uma das experiências mais intensas que tive foi acordar às 4h da manhã para ver o nascer do sol no topo do Cerro Campanario, em Bariloche. Subi sozinha, com uma lanterna e um pouco de medo — confesso — mas algo me dizia que valeria a pena. E valeu. O céu foi se pintando de laranja, depois rosa, até se abrir num azul claro. Lá de cima, o mundo parecia em silêncio. Senti uma mistura de gratidão, coragem e paz. E chorei. Não de tristeza, mas de plenitude.

Teve também a vez em que peguei um ônibus errado na Bolívia e fui parar em um povoado que não estava nos mapas. Lá, uma senhora me ofereceu chá de coca e perguntou de onde eu vinha. Conversamos por quase uma hora, com meu espanhol improvisado e o que ela entendia. No fim, ela me indicou o caminho de volta e disse: “Vai tranquila, menina. O mundo é bom”. Essa frase ficou comigo. Ela tinha razão.

Como essas experiências moldaram minha forma de ver o mundo

Esses encontros e sensações me transformaram mais do que qualquer paisagem. Me ensinaram que generosidade não depende de posses, que a conexão humana ultrapassa barreiras culturais e linguísticas, e que o mundo é feito, em sua maioria, de pessoas dispostas a ajudar, sorrir e compartilhar. Aprendi a confiar mais no caminho, a me abrir ao inesperado e a acolher a vulnerabilidade como parte da jornada.

Hoje, carrego essas memórias como joias invisíveis. Não ocupam espaço na mochila, mas preenchem a alma. E me lembram, sempre, que a maior beleza de viajar está em deixar o coração disponível para o mundo — sem filtros, sem pressa e, muitas vezes, sem dinheiro.

Dicas Práticas para o Viajante Simples

Viajar de forma simples não é só um estilo: é uma escolha consciente que envolve planejamento inteligente, disposição para o improviso e, acima de tudo, leveza — na mochila e na mente. Depois de muitas experiências, acertos e tropeços, reuni algumas dicas que me ajudam a manter a viagem leve, rica em vivências e gentil com o bolso.

Como montar uma mochila leve e funcional

Com o tempo, aprendi que quanto menos eu carrego, mais livre me sinto. Minha mochila nunca passa dos 10 quilos, mesmo em viagens longas. O segredo? Escolher roupas versáteis, que combinam entre si e secam rápido. Costumo levar:

2 camisetas leves + 1 de manga comprida

1 casaco que aguente frio moderado

1 calça confortável + 1 shorts ou legging

1 vestido (versátil para cidade ou praia)

Roupa íntima para 5 dias

Um bom par de chinelos + um tênis resistente

Canga (serve como toalha, lençol, cortina de improviso)

Além disso, não abro mão de itens compactos e úteis, como: lanterna de cabeça, saco de dormir leve (ideal para hostels gelados ou campings), garrafa d’água reutilizável e uma nécessaire minimalista (com sabonete multiuso, escova de dentes, desodorante, protetor solar e um remédio coringa para dor ou febre).

Aplicativos, sites e estratégias para economizar (sem abrir mão da experiência)

O celular pode ser um grande aliado do viajante econômico. Eis alguns recursos que uso sempre:

Maps.me: mapas offline, ótimos para trilhas e lugares com sinal ruim.

Rome2Rio: para descobrir como ir de um lugar a outro de forma econômica.

Couchsurfing: não só para hospedagem gratuita, mas também para conhecer locais e eventos sociais.

Booking e Hostelworld: comparar preços e ver avaliações reais.

Facebook Groups: comunidades como “Mochileiros pelo Mundo” ou “Brasileiros em [país]” trazem dicas atualizadas.

Workaway e Worldpackers: trocas de trabalho por hospedagem — ótimas para viagens longas e ricas em experiências culturais.

Uma estratégia que funciona muito bem: viajar fora de temporada. Os preços despencam, os lugares ficam mais tranquilos e a experiência tende a ser mais autêntica.

O que aprendi com os perrengues — e como evitá-los

Perrengue faz parte, sim, mas muitos deles podem ser evitados com um pouco de atenção. Um dos primeiros erros que cometi foi confiar demais em fotos bonitas de hospedagens sem ler as avaliações. Resultado: cheguei num hostel onde as camas estavam infestadas de percevejos. Desde então, nunca reservo sem ler os comentários mais recentes, principalmente sobre limpeza e segurança.

Outra lição: sempre tenha um plano B. Já perdi ônibus em cidades pequenas e precisei improvisar dormindo em rodoviária. Hoje, levo uma barrinha de cereal na mochila, um pouco de dinheiro em espécie separado e uma lista de lugares próximos onde eu poderia me abrigar em emergência.

E talvez a dica mais valiosa: viaje com humildade e respeito. Já vi viajantes simples sendo recebidos de braços abertos só porque souberam se portar com gentileza. As melhores portas se abrem com sorriso, empatia e disposição para escutar.

Conclusão: O Verdadeiro Tesouro de Viajar Simples

Viajar simples, no fim das contas, não é apenas uma forma de economizar — é uma forma de se reconectar com o essencial. Ao abrir mão de roteiros lotados, hotéis luxuosos e planos fechados, ganhei algo infinitamente mais valioso: liberdade, autenticidade e conexão humana.

Descobri que os maiores tesouros estão nas esquinas escondidas, nas trilhas que poucos percorrem, nas conversas que começam com um sorriso e terminam em abraços sinceros. Viajar leve me ensinou a observar melhor, escutar mais, me perder sem medo — e, ao me perder, me encontrar.

Essa escolha mudou minha relação com o mundo e comigo mesma. Deixei de buscar o “melhor destino” e passei a buscar experiências verdadeiras, mesmo que fossem simples. Aprendi que uma refeição feita com carinho em uma vila remota pode marcar mais do que um jantar caro em um restaurante estrelado. Que dormir em um colchão simples, depois de um dia cheio de descobertas, pode ser mais restaurador do que qualquer cama de hotel. Que conhecer gente boa, de coração aberto, vale mais do que qualquer roteiro turístico.

E o melhor? Essa forma de viajar está ao alcance de qualquer um. Não exige muito dinheiro, só um pouco de curiosidade, abertura e coragem para fazer diferente. Então, se você também sente esse chamado — de ir mais leve, mais fundo, mais verdadeiro — escute. Vá. Porque o mundo está cheio de pequenos grandes tesouros esperando por quem se dispõe a vê-los com os olhos do coração.

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